«Em anos posteriores, sempre que Edward pensava nela e a evocava, ou imaginava escrever-lhe, ou chocar com ela na rua, parecia-lhe que uma explicação da sua existência levaria menos de um minuto, menos de meia página. Que fizera de si mesmo? Vagueara ao sabor da corrente, semi-adormecido, desatento, sem ambição, sem seriedade, sem filhos, confortável. Os seus modestos empreendimentos eram, na maioria, materiais. Possuía um pequeno apartamento em Camden Town, era co-proprietário de uma casinha com dois quartos de dormir em Auvergne e era sócio de duas lojas de discos especializadas em jazz e rock and roll, empreendimentos precários a serem lentamente minados pelas compras na Internet. Supunha que os amigos o consideravam um amigo decente e tinha bons períodos, períodos loucos, especialmente nos primeiros anos. Era padrinho de cinco crianças, embora só começasse a desempenhar esse papel no fnal da adolescência destas ou quando já tinham vinte e tal anos.» (Na Praia de Chesil, Ian McEwan)
Últimos parágrafos de uma novela magnífica.