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Entre a antropomorfização do trabalho de Antony Gormley e a absoluta flexibilidade do corpo do bailarino Sidi Larbi Cherkaoui, a distinção entre animado e inanimado torna-se transitória e por vezes irrelevante. O "grau zero" talvez seja isso. Uma forma que existe no princípio de tudo. Antes que a diferença se produza pelo indivíduo.
Talvez que a coreografia Zero Degrees remeta para aquilo que a visibilidade de um corpo pode transmitir da invisibilidade da identidade que o anima. Ou da memória do que todos fomos antes de existirmos: matéria sem vida. Como os alvos imperturbados do filme de Nick Ray que não sei bem por quê veio por arrasto. Em todo o caso, assuntos mais interessantes pela especulação que suscitam do que pelas conclusões que permanecerão num limbo. Próximo talvez do tal "grau zero".