7.31.2008
7.30.2008
The enchantress of Florence
7.29.2008
Bangs on Eno
(...) Another Green World - his firs solo experiment with what he called "unengaging" music - certainly had it's fans, though I found much of it too, well, "Becalmed", as one of its precisely programmatic titles declared. Those little pools of sound on the outskirts of silence seemed to me logical consequence of letting the processes and technology share your conceptual burden - twilight music perfectly suited to the passivity Eno's approach cultivates. It's certainly relaxing - I even know people who do yoga to it - and at its extremes it produces lovely sonic wallpaper, like the two Fripp and Eno albums, the lulling Discreet Music, or the new German import, Cluster and Eno, an ECMical instrumental meditation with two German keyboardists who make music so placid you realize how much heavy-metal edge Fripp's feedback pastorales had all along. (...)
Eno Sings With the Fishes, Lester Bangs (1978), in Mainlines, Blood Feasts and Bad Taste (Serpent's Tail)
P.S.1 Tipo que use expressões como "little pools of sound on the outskirts of silence...", só pode ser um grande crítico musical.
P.S.2 Que fique claro que nunca recorri a Another Green World para fundo sonoro das minhas práticas de yôga. O mesmo já não posso dizer em relação a Discreet Music, Music for Airports, Apollo, Thursday Afternoon, Neroli ou The Shutov Assembly.
P.S.3 Ei Eduardo!, cheguei ao Lester Bangs, dude.
7.28.2008
Batemuma
Milhares rejubilam com o novo Batman. Nada contra: apesar de o ter achado um aborrecimento - 2h45m minutos de incontáveis dilemas morais - que traz as marcas da competência industrial. E só. Outro filme, no entanto, marcou o meu fim-de-semana. Vi-o em DVD, e por duas vezes. Um filme que fala de coisas verdadeiramente importantes. Intemporais. Obsessivas. Com graça e num tom ora de desvario, ora de supreendente justeza. As coisas que realmente interessam são as que pautam o movimento pendular das nossas vidas. Nenhuma vida existe que não seja consequência da alternância entre estados de tensão (emocional) e descompressão (física), que com a idade tenderão a atenuar-se (assim espero). É por isso que Superbad é fundamental. E com relação ao culto, assino por baixo.
É pá, a Salon também gosta, e ousa: "The movie doesn't need any superfluous redeeming qualities: Its pleasures and charms lie in its very crudeness, in the way the characters' thoughts begin in their dicks and spill out of their mouths, completely bypassing their brains."
E agora? Agora, Knocked Up, coming right up.
Até ao último sanguinário
(...) On to join Anthea and David Philiips for dinner at W11. David giving us some inside on the Balkans negotiations - how Mladic had greeted the Dutch troops in his office in Srebrnica. There was a small pig sitting on the office table. Mladic took out a knife and cut his throat, and, as the blood gushed out, told the Dutch commander that this was what the Muslims could expect.
D.P. said that Milosevic, negotiating at Dayton on behalf of the bosnian Serbs, dindn't show their delegation the plans for the partition of Sarajevo until 15 minutes before the deal was initiated. Upon seeing them, one of the Bosnian Serb leaders fainted.
Apparently Milosevic - that crafty, disgusting fundamentalist - has made a deal with the Americans that all files connecting him to genocidal activities should be buried. This was the price of his becoming the great peacemaker. It's too disgusting: like expecting the Czechs and Poles and Jews to sit down with Hitler in 1945 and sign a deal with him (a deal where he gets most of Czechoslovakia and Poland and is entitled to 'resettle' any Jews or gypsies he didn't succed in frying).
D.P. was in the Balkans taking round a deputation of diplomats to study the Kosovo problem. Kosovo is almost completely ethnic Albanian, but Serbia claims (and dominates) the territory and has purged Albanians from all official or prestigious posts - teachers, doctors, etc. Conditions are terrible, and the Serbs have been increasing the pressure in the hope that the Kosovars would fight back. But their leader is what D.P. calls 'a Ghandi-style pacifist' who has held things together against all the odds, and has frustrated the Serbian plan with non-violent protest. (...)
16 Dezembro 1995, Brian Eno, A Year With Swollen Appendices
Olhos postos neste homem
O homem no centro da imagem, joelho esquerdo amarrado numa fita verde. Derlei (Vanderlei Fernandes Silva), grande imagem de profissionalismo. Desportista de coração e alma. E de há um ano a esta parte, para nossa felicidade, totalmente leão. Por mim ficava no Sporting enquanto pudesse jogar, ou talvez mais. Pelas entrevistas dadas, parece ter caco para se manter ligado ao futebol, noutras funções. Derlei é líder. Derlei é exemplo. Homens destes nunca estão a mais.
7.25.2008
Depois observar as diferenças
Acaba de sair, na editora de David Sylvian, a versão revista e remasterizada do derradeiro álbum dos Anywhen, que hoje respondem apenas pelo seu líder Thomas Feiner. Um clássico contemporâneo absoluto, e pouco há a acrescentar às palavras do novo editor: “The dark, brooding, romantic nature of the material and, in particular, the emotional gravity of Thomas' voice, came as something of a surprise to me as it was quite out of keeping with my listening habits of the time but I couldn't help but be drawn into its widescreen, colour-drained, soundscapes.”. Ao fim e ao cabo, paisagens.
7.24.2008
Força e técnica
O melhor rugby do mundo regressa este sábado. Austrália-Nova Zelândia, em directo, às 11h, e em diferido, às 18h50. Ambas as transmissões na SportTv1. Dois conjuntos onde impera a força da técnica, por oposição ao terceiro vértice, a África do Sul, onde sobressai a técnica da força: bastar pesar o pack dos Springbocks. Não me peçam é para manifestar preferência por um dos binómios. Apenas sou e sempre serei pelos All Blacks.
7.23.2008
Silêncios Universais/ minor characters
Jane is fine always fine
We're unhappy most of the time
We don't talk we don't fight
I'm just tired she's way past caring
But she says she is fine
She tells lies most of the time
What she needs i don't have
That's not in the hand that I'm holding
So we drink spanish wine
She plays country records until the morning
This is mine all of mine
She is not she is not mine
And i feel fine only when I'm sleeping
Only with the t.v. on
She and i and empty wine and whisky bottles
And she write beneath crumpled sheets
She is everything i need
But she would rather be any place but here
Jane is fine always fine
We're unhappy most of the time
We don't talk we don't fight
I'm just tired
She's way past caring
So we drink spanish wine we tell lies
We're killing and we feel fine
Well what's the crime?
[Lloyd Cole and the Commotions, Why I Love Country Music]
Naquela cómoda divisão relativa aos gostos musicais "cultos" da geração de 70, entre as hipóteses a) The Smiths e b) Lloyd Cole não houve pela minha parte como hesitar. Desde sempre. Mesmo este CD, actualmente quase invisível, renegado a começar por Mr. Cole, se exceptuarmos a produção algo hiperbolizada e um pouco homogénea demais, tem no seu corpo, intactas, as qualidades que originam grandes canções. As músicas dos Commotions serviram de fundo sonoro ao primeiro afundanço mais sério que experimentei: eu teria 17 anos, ela 21 (olhos enormes, cicatriz no rosto, professora de aeróbica), viviam-se tempos do Mainstream, do concerto no Pavilhão Dramático de Cascais, do Lloyd Cole com visual amish a que não faltava o próprio do chapelinho, quando confessou gostar de mim apenas 70% (sic) do que seria necessário para que fossemos namorados. Hoje dá para sorrir. Sobrou a música, como aliás sobra sempre. E um beijo para ti, Ana Luísa, onde quer que estejas. A atravessar a mesma crise da meia-idade. Que esta não te atinga mais de 70%, são os sinceros votos de um personagem secundário na tua vida (ao que a gente se poupou).
7.21.2008
A culpa é da vontade
O Vontade Indómita é um blogue absolutamente a visitar. E a visitar. E a visitar. Porque ao contrário do que pensava, a blogosfera não está esgotada de gratas surpresas: ainda há samurais do outro lado do Atlântico.
[na foto Diablo Cody, para o Pedro Duarte Bento]
O homem intranquilo
Não sei se o termo fará muito sentido em português (penso sobretudo no significado do original "rewarding"), mas não houve este ano disco tão "recompensador" para mim como Pacific Ocean Blue, de Dennis Wilson. Acho que isso se deve à sua sonoridade em bruto, apesar da complexidade da construção musical, a fazer lembrar remotamente Alan Parsons Project (que não ouço há séculos), Randy Newman ou Pink Floyd. À fragilidade emocional que se desprende da voz de Wilson. Uma voz amadora, comum, gasta, que se expõe vulnerável e que por isso é a mais humana das vozes. Também à sensação de deriva sugerida por este conjunto de temas que podia apresentar-se numa qualquer outra ordem: até na aparente incoerência da sua estrutura, Pacific Ocean Blue é um álbum à parte. Há canções de amor lindíssimas - experimentem passar por Thoughts of You, Time e You And I sem que a garganta ou o coração se vos apertem... -, cada frase, cada melodia parece ao mesmo tempo a tentativa de alguém de se agarrar à vida, e a voz do homem que nos canta já da terra dos mortos. E sabendo-se do fim prematuro e trágico de Dennis Wilson, o único disco por ele concluído ressoa em nós de um modo mais profundo ainda. Sei que isto pode soar a blague, mas nada do que o génio de Brian Wilson (irmão de Dennis) produziu até hoje me emocionou na medida deste Pacific Ocean Blue, espécie de farol esquecido e melancólico que sempre anuncia a sua iminente extinção, sem que tal facto, na música (reforçada agora por esta magnífica reedição), venha a suceder. Este disco, que era para ser a alvorada de um talento particular (e Dennis, o "verdadeiro beach boy", mostrou-se sempre de uma sensibilidade marginal ao resto do grupo), acabou marcando a despedida de alguém que teve por origem o mesmo mar para onde e para sempre foi devolvido.
7.18.2008
Lourenço 1, 2, 3
Tenho certo pudor em chamar alguém de amigo, mas conheço o Pedro há alguns anos e assumo que existe simpatia, e uma sintonia no gosto pela música que já valeu várias coisas boas: na Ananana primeiro, depois na Flur. Sabia das suas horas extraordinárias dadas à ilustração, embora nunca tivesse visto o produto desse trabalho. Os três exemplos aqui mostrados estão no site Filho Único, entidade que organiza a vasta mostra de música contemporânea que tem hoje lugar, pela noite dentro, no Nº 211 da Av. da Liberdade. Eu vou lá estar, o Pedro também, ele como de costume integrado nos projectos de Sei Miguel.
[mais exemplos]
7.17.2008
Good moanin'
7.16.2008
Para o homem que não sabe o que quer
Um clube diferente
7.15.2008
Finalmente em ZONA 2
7.14.2008
Fui ver o teu blogue e é só música, eh eh eh
E não será hoje que a coisa muda de figura. Pois se mais ou menos que resolvi não perder aqui tempo com experiências que me interess(ar)am menos, dois pares de linhas sobram para dar conta de que o último Rohmer é comédia de equívocos ligeirinha sobre um casal constituído por um gay que não sabe que é gay e uma lésbica que não sabe que é lésbica, onde a minha atenção apenas se fixou na luz que atravessava as vestes brancas delas; e de que Tropa de Elite não justifica a suposta polémica que suscitou por se tratar afinal de uma fantasia adolescente disfarçada de investida realista pelas favelas; como não destacar então a óptima primeira noite de concerto de Bonnie "Prince" Billy e banda na ZDB, onde tive a felicidade de ocupar o melhor lugar da sala, um pé dentro da sauna suportada por cerca de uma centena de fiéis, o outro na zona mais fresca que corresponde a uma espécie de pátio que existe naquele espaço onde impera a filosofia do desenrascanço, ou as primeiras horas de domingo passadas com os jornais do fim-de-semana, às voltas com a fully loaded edition dos Velvet Underground que é um verdadeiro tesouro em que até as inúmeras takes ou misturas alternativas, versões primeiras, demos ou extras são de primeiríssima água?
7.11.2008
Olhó passarinho
O pássaro, genial na sua forma e aspecto colorido, chama-se tucano. Ilustra a capa não inteiramente conseguida (um pouco ao estilo Tinta da China, só que em tosco) da primeira edição de um romance de Diogo Mainardi (n. 1962) no nosso país. Já o livro chama-se Contra o Brasil e integra a colecção Ganga Impura, dirigida pelo Francisco José Viegas. Em primeiro lugar, quem é Diogo Mainardi, apresentação que os senhores da Bertrand - quem nem sequer têm os títulos da Ganga no site das livrarias do grupo - se encarregaram de deixar esquecida, como se os livros, objectos inanimados, tivessem por missão fazer a promoção deles próprios? Mainardi é o colunista mais popular do Brasil, escreve na Veja, e é vilipendiado a torto e a direito pela esquerda petista. Há quem considere o seu estilo e o seu argumentário insuportáveis, arrogantes, gastos, whatever. Dele li só o primeiro livro de crónicas (tem dois), e dos romances apenas conheço os títulos. Gosto, gosto muito. Amigos dizem-me que Diogo Mainardi é um senhor, informal e descontraído quando a ocasião o permite, e eu acredito. Daí que não tenha hesitado em agarrar este tucano pelos colarinhos e enfiá-lo no saco das compras. Com todo o jeitinho. Não pretendendo substituir-me aos senhores da Bertrand (a quem agradeço a chancela, que tem já um segundo título e esse da autoria de Tony Belotto, músico dos Titâs, marido de Malu Mader, escritor de políciais contemporâneos) aconselho, ainda que no desconhecimento dos reais méritos do Mainardi romancista, Contra o Brasil. A favor de Mainardi, pois claro.
7.10.2008
7.09.2008
Mick rockers
7.08.2008
Cântico das criaturas
(...) I wrote a song with a hundred lines,
I picked a bunch of dandelions,
I walked her through the trembling pines,
But she just even then didn't want to. She just never wants to. (...)
Os Grinderman num videoclip dirigido por John "The Proposition" Hillcoat. "No pussy blues".
Stephen McBean
Parte Will Oldham, parte Jesus Cristo, parte João Bonifácio, parte Jimmy Page. Neste homem todas as partes estão no seu devido lugar.
Canada dry
Corresponde à encarnação musical menos conhecida de Stephen McBean, o cérebro por detrás dos Black Mountain. O som é mais enxuto, ou consideravelmente menos musculado, que os dos Mountain, palavra que McBean fez questão de enxertar no nome deste projecto paralelo, feito em grande parte também com os mesmos elementos. Além de Atmosphere, faixa que encerra o disco, há muito Velvet Underground a passar por aqui. Esta por acaso até é uma cover dos Joy Division, tal como se tivesse sido tocada pela banda de Lou Reed na fase da "banana". E há ainda bastante do som Smog na segunda metade do alinhamento, o que vem a ser uma previsível constatação, dado que não abandonamos o ponto de origem velvetiano. Só coisas estimáveis, em pouco mais de meia-hora de música, que o segundo álbum lançado dois anos mais tarde, em 2006, por certo terá confirmado.
7.07.2008
Black mountain rules
7.04.2008
A arte do romance
Neste dia especial em que recebi por correio electrónico a nega mais simpática de que me recordo (um adiamento, se quiser ser optimista), e em que almocei ladeado por duas pessoas absolutamente distintas uma da outra e ambas aparentemente tão interessantes, dedico o fenomenal Tony de Matos a todas as mulheres. A minha música vem de vós, maravilhosas criaturas.
7.02.2008
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