11.19.2007
O essencial sobre um filme correcto
«A arte é mentirosa, e ai do artista incapaz de mentir. Foi essa a tragédia de Ian Curtis. Narrar essa incapacidade é um dos méritos do filme de Anton Corbijn. O problema não eram as duas mulheres de quem gostava: era a sua terrível honestidade. Tinha nojo de ser dúplice; tinha nojo de ser injusto; tinha nojo de não ser capaz de corrigir o mal que estava a fazer. Foi esse nojo – de continuar a conseguir viver na mentira – que o levou a assassinar-se.
A mania da verdade de Ian Curtis era uma loucura. A exposição emocional que alcançavam as interpretações dele, tornando-as avassaladoras, vem do mesmo excesso moral, da mesma falta de fronteiras entre a alma e o comportamento; entre a introspecção e a sua exibição compulsiva, como entrega e como punição.
(…) Control quer ser um filme e um documentário ao mesmo tempo. É decoroso e respeitador, mas, por outro lado, fugindo à grandiosidade e ao romantismo próprios da música dos Joy Division, também é tímido e diplomático de mais.»
Miguel Esteves Cardoso, Actual, Expresso , 10/11/07
Arquivo do blogue
-
▼
2007
(395)
-
▼
novembro
(29)
- Cape fear
- Em nome do pai
- Memorial
- Luto
- Os 10 melhores blogues nacionais em 2007
- Lady Knightley
- Serviço etílico
- No guru, no method, no teacher
- Conhece-te a ti mesmo
- Modo "repeat"
- À letra
- Bigode à casa
- O meu Mailer
- Shinji Aoyama e Makoto Kawabata a assapar em pelota
- A citação e a aceitação
- Breve carta aberta a Aki Kaurismäki
- O essencial sobre um filme correcto
- Love will tear us apart
- O melhor texto do mundo (da última semana)
- O pior texto do mundo
- Música para apartamentos
- Desabafo sobre o actual momento do meu Sporting
- Pode bem parecer uma cruzada
- Souvenirs e opiáceos
- So long, Mr. Sylvian
- Todos os pássaros
- Um milagre chamado
- Homens que choram
- Defeitos especiais
-
▼
novembro
(29)