12.14.2011

A conversation on cold


























Uma fotografia de Anna Karina e Jean-Claude Carrière. Será Veneza em fundo? De qualquer modo o que me atrai na imagem é a diferença nos semblantes dos dois. Ele mostra um ar satisfeito de quem se entrega ao prazer do momento parecendo não dar conta de que está a ser fotografado. A expressão que observamos é a de alguém que dirige o olhar para dentro de si, pois é lá que se encontra aquela mesma satisfação. Já Anna Karina força o sorriso e a pose denota o desconforto. Seria por algo que se passava entre ambos? Seria por razões exclusivamente suas? Quando se trata de mulheres os motivos são infinitos e mais um. É também esse mistério que nos atrai infinitamente. A possibilidade de resgatá-las de um abismo que é afinal inglória. É que não tem relação imediata connosco se bem que precisemos de acreditar nisso porque todo o heroismo amoroso radica numa necessidade de congratulação que vem do outro. Se não for connosco como podemos obter a recompensa? Se calhar Anna Karina queria apenas sentir o ar e o mar de Veneza sozinha, sem a companhia de Jean-Claude e livre da intromissão da máquina fotográfica? A sua expressão diz que não somos bem-vindos a tentar perscrutar-lhe os pensamentos. Os homens são como máquinas indiscretas quando não se atinam.

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