2.13.2007

Força bruta, coração mole

















É o regresso da balboamania que é capaz de já nada dizer aos que vieram depois da geração de 70. Reconheça-se a Stallone a capacidade de fazer coincidir, plano após plano, o comeback utópico de Rocky Balboa aos combates com a utópica recuperação do ícone, decididamente fora de moda, para o cinema. O filme abeira-se das cordas, aguenta-se na ingenuidade de certos apontamentos formais (os ralentis, a cor do sangue sobre o p&b de algumas imagens), convencendo-nos de que é genuína a sua generosidade. Não se trata de um triunfo. Uma vez mais, tal como no filme, antes de um muito digno empate. O olhar é imparcial, tanto para dentro como para fora do ringue: Rocky Balboa substitui o heroísmo pronto a consumir pelo peso das memórias; segue em frente olhando sempre para o passado. E de caminho reinventa o neo-realismo cinematográfico numa época em que predominam força mole e corações duros como pedras. Nada mau.

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