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O filme de Rohmer passou ontem no Instituto Franco-Português. A arte (Rohmer) a imitar a vida a imitar a arte (Shakespeare). O visual acabou tornando-se foleiro: o filme é de 91, ainda suficientemente eighties. Mas é muito bem escrito e acaba resolvendo-se numa questão de fé. O inverosímil da ficção provou ser mais plausível do que o verosímil na vida. E eu tive prova suplementar, não passava sequer um quarto-de-hora do fim da sessão.
À noite houve ainda desejo de rever O Paciente Inglês. Questão de endurance? Não, questão de romance. De tornar a olhar em separado os episódios do deserto e do mosteiro. Interessou-me sempre e sempre me fixei sobretudo na história trágica de Almásy que nas formas das dunas antecipava o corpo de Katherine que viria a ser seu. Ontem fui também mais sensível à glosa pucciniana da música de Gabriel Yared. O whisky de malte é um tímpanodilatador dos vasos que partem (d)o coração. Experimentem os que ainda não sabem.